sexta-feira, 14 de maio de 2004

NADA NA MÃO, NADA NA MANGA, NADA NA CAIXA

À atenção dos cabo-verdianos que ainda não entenderam a história
1924, 12 de Setembro: Nasce em Bafatá, hoje Guiné-Bissau - 1945: Com uma bolsa de estudo, ingressa no I. S. Agronomia, em Lisboa - 1950: Termina o curso e trabalha na Estação Agronómica de Santarém - 1952: Regressa a Bissau, contratado para os S. Agrícolas e Florestais da Guiné - 1955: O governador impõe a sua saída da colónia; vai trabalhar para Angola; liga-se ao MPLA - 1956: Criação em Bissau do PAIGC - 1960: O Partido abre uma delegação em Conacri; a China apoia a formação de quadros do PAIGC - 1961: Marrocos abre as portas aos membros do Partido - 1963, 23 de Janeiro: Início da luta armada, ataque ao aquartelamento de Tite, no sul da Guiné; em Julho o PAIGC abre a frente norte - 1970, 1 de Julho: O papa Paulo VI concede audiência a Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos; 22 de Novembro: O governador da Guiné-Bissau decide e Alpoim Calvão chefia a operação de "comando" "Mar Verde" destinada a capturar ou a eliminar os dirigentes do PAIGC com sede em Conacri: fracasso! - 1973, 20 de Janeiro: Amílcar Cabral é assassinado em Conacri.
Os ventos da mudança sopravam já fortes em vários pontos de África, e nas ex-colónias portuguesas proeminentes líderes preparavam-se para os duros desafios que a história lhes reservara, criando organizações de vanguarda para dar corpo ao processo da luta de libertação. CABO VERDE E GUINÉ BISSAU tiveram a sorte de ter um líder invulgar, que idealizou uma frente comum, com objectivos claros e bem definidos, conseguindo assim atrair jovens de ambas as colónias para as suas fileiras.
Treze anos depois de uma luta difícil, em que muitos ficaram pelo caminho, incluindo o próprio genial líder, o saudoso AMILCAR CABRAL, erguia-se a bandeira da vitória, e os que partiram, sob o impulso de um ideal nobre, deixando atrás o seu projecto pessoal – eram quase todos estudantes universitários – para dar o seu contributo nessa prestigiante aventura, regressaram gloriosos sem nada na mão, nada manga, nada na mala, a não ser escassas peças de roupas, como é óbvio.António Aly Silva