sábado, 24 de outubro de 2009

Um prémio aos idiotas

J.L.,

Três questões tuas, merecem outras tantas respostas da minha parte. Abraço.


JORNALISMO: Não gosto de bater em ruins defuntos. Nem de me repetir. Mas acho que vou abrir uma excepção (traando-se Vexa de quem se trata).
Aplico ao jornalismo que se pratica na Guiné-Bissau a lei de Gresham, que explica que “a má moeda tende a expulsar do mercado a boa moeda”. Isto para te dizer apenas: a conjugação dos factores de mercantilização e de protelarização da classe jornalística leva a que se recompense melhor e se premeie mais o jornalista (ou será o jornaleiro?) que menos se dedica à análise cuidadosa, à investigação esclarecedora e à verdade das notícias, entregando-se, pelo contrário, à crítica gratuita, ao rumor que vende (como vende!) e ao título de impacto. Eu e o ditadura do consenso pelo contrário, somos um só. Eu!

JUSTIÇA: Nem a propósito. Sabias que os nossos juízes já recebem ameaças de morte? E com desenhos de pistolas e tudo? Pelo menos ficam a conhecer-lhe a forma...É, isto está a evoluir que tu nem fazes ideia! Diz-me lá, queres falar de que Justiça, e a quem? Ao milhão e meio de almas deste país, que, muito abaixo da linha de pobreza, lutam no seu dia-a-dia para ter e dar que comer aos seus filhos? É que a mim não é, estou certo disso. E tudo por culpa dos gatunos que nos fodem a vida constantemente, pilhando, roubando do erário público (dinheiro, casas, carros) – são eles que não permitem que o Estado resgate essas pessoas do terrível pesadelo que é a vida deles.

Queres falar de Justiça tendo o Ministério Público que temos? Que nunca investigou coisa nenhuma, e, ainda que diga o contrário, nunca lhe foi visto a fazer justiça? Diz que tem medo, que anda a ser ameaçado. Que quer mais dinheiro... Mas, e nós, o que nós somos mesmo? Somos um Estado crescido, com tomates - ou leis, ou lá o que é -, ou uma anarquia prester a anunciar ao mundo uma nova república? Num País como este, riquissímo em sinais exteriores de riqueza, só um Estado parvo, conivente com a gatunagem e a roubalheira é que não ganhava dinheiro! Era só facturar. Ha, porém, um senão: medidas dessas seriam... fracturantes.

Por fim, gostaria de dizer ao próximo gatuno do Estado: fique tranquilo, pois em 35 anos de independência não conseguimos colocar alguém como você na cadeia... Pois é, amigo, é indizível a sensação de impotência que invade a minha imaginação diante das coisas que sei que se passaram (e se passam) neste País. Aos gatunos do povo, um pouco de pejo e remorso não vos faria mal e livrar-vos-iam de um castigo ainda maior, quando forem prestar contas ao Senhor.

DESENVOLVIMENTO: O desenvolvimento de um País depende de três coisas: uma política séria, uma economia estabilizada e principalmente de um povo consciente. Ora, a Guiné-Bissau, outrora vermelha, verde e amarela desbotou e possui agora uma política cinza. A poluição da nossa classe política e dos nossos governantes egocêntricos dificulta a sobrevivênci de todo um povo numa sociedade como a nossa.

Tem um óptimo fim-de-semana, que já fodeste o meu!AAS