quinta-feira, 28 de junho de 2012

"A CPLP tem actuado além do que os estatutos lhe permite"



“Acreditamos que este tenha sido o último golpe de Estado na Guiné-Bissau ” – Fernando Vaz28 de Junho de 2012. Um mês após assumir o governo na Guiné-Bissau, após o golpe de Estado levado a cabo a 12 de Abril, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Vaz, em entrevista exclusiva à Deutsche Welle África (DW África), reiterou que as questões do país estão a ser bem encaminhadas e geridas.

Questionado que balanço faz do desempenho do governo de transição, desde a sua posse, Fernando Vaz afiança que questões elementares têm sido resolvidas, como é o caso do pagamento de salários em atraso.

“Aquilo que marcava Carlos Gomes Júnior [o primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau] era pagar os salários mensalmente, a tempo e hora. Este governo de transição fez num mês aquilo que o Carlos Gomes fez em três. Ou seja, num mês, nós pagamos três meses de salário. E ainda pagamos a metade da dívida que o Estado tem com os professores, com cinco meses de salário atrasado. Conseguimos com que os militares fossem para os quartéis e arredassem completamente da vida política e civil do país”, garantiu o Fernando Vaz, que alerta, também, que não é meta desse governo resolver, em um ano, todas as necessidades do país.

“É um país que depende completamente do exterior. Mas isso são questões estruturais e espero que não tenham a pretensão de que em um ano nós resolveremos esta questão. Nem é esta a nossa proposta. Queremos criar condições para que haja eleições livres, justas e transparentes e para que a justiça comece finalmente a imperar neste país”.

No dia 20 de Julho próximo a capital moçambicana, Maputo, vai ser palco da 9ª cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, uma altura em que, dada a sua situação política, a presença da Guiné-Bissau tem sido uma incógnita.

Perguntado quem vai representar o país, uma vez que Carlos Gomes Júnior disse ser o representante do governo legítimo do país, Fernando Vaz responde, categoricamente: “Hoje temos dois países. O “real” e aquele que Carlos Gomes Júnior governa. O governo de transição governa o país “real”.

Quanto à posição que a comunidade lusófona vem tomando, relativamente ao processo em curso, consequente do golpe es Estado de 12 de Abril, o ministro da Presidência de Conselho de Ministros do governo de transição afirma que a CPLP tem actuado além do que os estatutos lhe permite.

“Para nós, a CPLP é uma comunidade linguística e não política. A CPLP faz mais do que deveria fazer. Vejam bem o estatuto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e com certeza vão me dar razão. Porque o que não querem entender é que a comunidade internacional e as Nações Unidas mandatam a CEDEAO, a Comunidade Económica dos Países da África Ocidental, no caso do problema guineense, para encontrar soluções. Uma parte da comunidade internacional entende que a Guiné-Bissau são apenas duas ou três pessoas”.

“Acreditamos que este tenha sido o último golpe de Estado na Guiné-Bissau e que eles tenham a consciência de que não é com golpe de Estado que se resolve o problema da Guiné-Bissau. É preciso sentarmo-nos todos, inclusive Carlos Gomes Júnior e outros parceiros, para encontrarmos uma solução viável para este país”, finaliza Fernando Vaz.

Fonte: Deutsche Welle África (DW África)