terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Mitos e ilusões


A um nosso compatriota, um «renomado» economista, é reconhecido competências e atributos excepcionais, particularmente dos seus parceiros de interesses e lobbys francofonos que o vêm, como sendo o "homem ideal" para dirigir os destinos da Guiné-Bissau.

Assim, não é de estranhar, que neste momento em que interesses politicos e de posicionamento para a conquista do poder começam a acentuar-se na Guiné-Bissau, que o seu badalado nome volte naturalmente a ribalta, aparecendo com mediatismo bem orquestrado a propagar nos medias nacionais e internacionas projectos ilusionistas de centanas de milhões de dolares para a Guiné-Bissau.

Como guineense atento e quadro cioso do melhor para o meu pais, e ouvindo esse nosso "eminente" economista nas ondas da RTP-Africa, não posso deixar de reagir a essa manobra mediatica de promoção e oportunista de um vendedor da "banha da cobra".

Antes porém, importa salientar, de que nada me move contra esse meu compatriota, nem tenho o dierito de me opôr as suas legitimas aspirações politicas de ascensão ao poder na Guiné-Bissau. Para mim são aspirações legitimas de qualquer filho da Guiné-Bissau.

Reconhecendo por um lado, que o nosso compatriota conseguiu, ao longo dos anos em que andou na ribalta das organizações financeiras internacionais graças ao nome da Guiné-Bissau, criar uma aurea de competência e intelectualidade aparentemente insuspeita, não posso deixar por outro lado de questionar sobre o modus como granjeou a esse pedestal, assim como de questionar, sobre quais os efeitos praticos, ganhos ou retornos positivos que essa propalada sumidade guineense em economica trouxe na realidade para a Guiné-Bissau e os seus concidadãos. Posso estar errado na minha analise, mas se tiverem um exemplo concrecto que o digam, que darei a mão à palmatoria.

E minha modesta opinião de que, a ascensão desse nosso compatriota, foi, e é também, essencialmente fruto de conjugação de lobbys interesseiros com as quais as suas posições e tretensões sociais e politicas se coadunam. Em pezinhos de lã e sem esforço de maior, foram-lhe abertas as portas da sua ascensão. Primeiro como assessor do Ministro das Finanças da Guiné-Bissau, pouco tempo depois foi indigitado no quadro da configuração dos postos por paises, ao posto de administrador adjunto do BM. Nessa instituição, à parte a sua competência técnica que se lhe reconhece, o nosso economista internacional, soube fazer valer a sua valência francofona e rodeou-se de um staff técnico 100% francofono (até a secretaria era do Senegal), para conquistar a simpatia do eixo francofono de interesses na Guiné-Bissau. Dai foi um passo para a sua catapultação ao posto de um dos Administrador do BM com uma importante carteira africana. Enfim, um estatuto de privilégio construido na base de binômico de competência/lobby.

Contudo, a minha consciência impele-me a interpela-lo, chamando a colação dessa interpelação outros meus compatriotas, sobre a bondade e os verdadeiros fins dessa mise en scene repentino, mas devidamente calculado do nosso economista internacional.

Essa minha interpelação, consubstancia-se nos seus actos vis a vis as suas pretensões. Tudo isto, porque do meu ponto de vista, apesar de ter todo esse percurso de sucesso numa organização tão importante, mas ele, pertencendo a um pais tão carente como a Guiné-Bissau, enquanto administrador, o nosso compatriota economista internacional, nada fez de concreto e relevante para o seu pais contrariamente a outros guineenses que apesar de não terem ocupado postos tão estratégicos e importantes como o dele, assim mesmo, fizeram algo para o pais, ou logo que sairam desses postos se disponibilizaram a regressar ao pais e aportar a sua valiosa contribuição nesse nosso pais carente em tudo.

O nosso economista internacional, apos deixar esse cargo de administrador do BM, nunca se interessou, ou mostrou-se disponivel em dispensar os seus conhecimentos, quer técnicos quer de influências para ajudar a Guiné-Bissau. Ao contrario, o nosso economista internacional, limitava-se a cada mudança de ciclo ou turbulências politico-militares, reaparecer no pais, ar de intelectual inalcançavel, vender ideias surrealistas..., apalpar o terreno sempre com os olhos na cimeira do pais e,...não sentindo nada cheirar nesse sentido, mais manso do que veio, pega no primeiro avião e volta a sua saga de lobbysta e vendedor de ilusões. Assim foi com um obscuro gabinete de consultadoria financeira montada em Dakar, um fiasco que não durou nem mesmo um ano completo e, hoje quer nos vender a ilusão de fazer um «Béntém» onde a fartura da morte é que faz regra e onde todos os investidores correm, como da peste.

Esse percurso de ilusionismo do nosso economista internacional não é de hoje, e decerto não cessara enquanto não alcançar os seus objectivos e dos seus padrinhos lobbystas francofonos que o vêm como o modelo do que querem para a Guiné-Bissau: a servidão, a submissão aos interesses dos seus patrões lobbystas.

Outro facto que causa mais curiosidade, nessa "boa causa" do nosso economista internacional em vender as potencialidades de negocios e perspectivas fluorescente que a Guiné-Bissau tem, é que, toda essa montagem mediatica é feita num periodo de excepção, num periodo de instabilidade institucional, quando o pais esta tomado de assalto por um golpe e governado por um regime politico-narco-militar não reconhecido pela larga maioria da comunidade internacional.
 
Porém, esse timing não me surpreende, a mim isso não me espanta, pois o nosso economista nacional, nunca aparece com os seus famosos e ilusorios projectos para a Guiné-Bissau, quando os Governos são legais, quando são constitucionais e amplamente reconfortado pela Comunidade Internacional. Em nenhuma dessas circunstâncias vimos o nosso economista internacional empenhar-se com tanto fervor e tão afincadamente a vender a imagem da Guiné-Bissau e a prometer mobilizar tantos investimentos para o pais.

Posso até estar errado e, o economista internacional vir a conseguir mobilizar todas esas personalidades indinheiradas da banca e da alta finança que diz que vai levar a Guiné-Bissau. Pode ser pois as personalidades que citou fazem parte do seu circulo de influências e de interesses que pretendem pôr um guineense com ADN francofono à frente da Guiné-Bissau, pais que, a par com a Gambia constituem a espinha encravada na pretendida hegemonia francesa na Africa Ocidental.

Contudo, o caso eventualmente esse projecto do lobby que corre pelo nosso economista nacional se vier a concrectizar, gostariamos também de saber por quantos ja vendeu a Guiné-Bissau, pois o montante que o seu projecto promete num so ano até ultrapassa as maiores fasquias do Millenium Chalenger americano.

Para finalizar, quero deixar bem claro que, não tenho nenhum direito de querer negar a um compatriota meu a pretensão, ou o sonho de querer ser Presidente ou Primeiro Ministro da Guiné-Bissau (ao que me parece são esses os unicos cargos que interessam ao nosso economista internacional), porém, o que lhe exigimos é que, primeiro se desembarace do seu chip de grandes manias, depois que, seja mais guineense e que vista a camisola nacional, que saiba e servir o seu pais, saber viver na simplicidade, seja como técnico, seja como cidadão... para com todo o direito, ai sim, querer pretender-se guindar a esses cargos.

De ilusões, fatos de alpaca e papyons parisienses, estão os guineenses fartos.
Como diz o nosso Zé Manel, pubis ka burru

Izequiel Pedro Fernandes
Economista - Carregado