quinta-feira, 20 de março de 2014

OPINIÃO: DSP a navegar em águas sinuosas


«Desde a sua investidura como Presidente do PAIGC, o novel homem forte dos libertadores, o sufragado politico da esperança, tem presenteado os militantes do seu partido e os guineenses em geral, com comportamentos e posições dúbias relativamente às decisões do partido, em particular ano que diz respeito ao seu alinhamento com o candidato oficial designado pelo partido para as próximas eleições presidenciais.

Parece mais do evidente de que, DSP tem uma agenda politica própria e adversa a do partido, porquanto, não se revendo e tão pouco se alinhando nas deliberações do partido, cedo, por um lado, esta a dar maus sinais de ser um bom dirigente politico à altura dos pergaminhos do PAIGC e, por outro lado, ao que parece pela evidência dos factos, conquistou a liderança para, somente se servir do Partido e guindar-se ao posto de Primeiro ministro, sendo o resto feito, em consonância com o seu compromisso politico, que se atesta, adverso à estratégia e interesses políticos delineados pelos órgãos do partido que dirige.

É bom que DSP, entenda bem cedo de que não terá vida fácil para impor os seus desígnios pessoais e de terceiros à conduta do Partido e, sinal desse encolho, foi-lhe já dado claramente, ao perder a Convenção Nacional subsequente a sua eleição, saindo derrotado, mais o seu candidato do partido para as presidenciais. É bom que entenda igualmente, de que, apesar de todo o potencial intelectual (entendo melhor bom falante) que se lhe é quase unanimemente reconhecido, falta-lhe estofo de um CGJr para aguentar o bas fond das jogadas politicas desse grande e controverso partido...é bom que se acalme e ajuste, enquanto é tempo, as suas ambições que passam por usar o partido como um simples descartável.

Sabe-se mesmo que, bem recentemente, malgrado o Partido ter escolhido oficialmente o seu candidato oficial as eleições presidenciais, o candidato independente Paulo Gomes (PG), ousou solicitar junto das instâncias superiores do partido, o apoio à sua candidatura, fingindo ignorar que o próprio partido já tinha escolhido o seu candidato. Daqui, das duas uma, ora ele foi mal aconselhado pelo seu partenair para o poder, ora este lhe garantira de que teria, nesse fórum, apoios suficientes para fazer passar a sua petição e assim descartar, o candidato oficial do partido, JOMAV.

Hoje, é mais do que evidente, de que, entre DSP e o candidato PG existe de facto, um compromisso politico em dueto bem delineado e altamente patrocinado pelas altas esferas do poder da sub-região. Alias, encontros recentes em Dakar e Abidjan sob alto patrocínio de esferas politicas do poder desses países com esferas das duas candidaturas, assim confortam a tese do pacto de tomada de poder, que passa invariavelmente pelo afastamento do PAIGC histórico e libertador das rédeas do poder. E mais, a congeminação de um regime de «conveniência», diga-se de passagem antidemocrata, esta a ser laboriosamente urdida pelas entidades da ONU em Bissau, tendo a testa o Representante Especial das NU, José Ramos Horta.

De passagem, contrariamente do que se pode superficialmente pensar, o acto de afastamento deliberado (chegando quase ao « repudio » publico) do apoio que lhe foi dispensado por Carlos Gomes Jr aquando do Congresso de Cacheu, advêm, não so do facto, de que DSP ter sido «pressionado», internamente pelos militares a não se identificar com este, mas também, por externamente (entenda-se, pelo bando dos 4 da CEDEAO), ter igualmente sido «recomendado» a se distanciar deliberadamente desse dirigente no exilio, caso tenha queira aceder ao posto de PM e ser associado ao projecto sub-regional de instalar em Bissau um regime docil e alinhado com os designios do bando dos quatro sub-regional.

Nas suas diversas, saídas e contactos, quer interno quer externo, DSP faz questão «ignorar» ostensivamente o candidato oficial do PAIGC as presidenciais, primaziando a vender autonomamente a sua candidatura, enquanto o seu nucleo de apoio se azafama em contactos e apoios ao candidato independente PG. Assim foi em Lisboa, em Dakar em Paris e por ai fora.

Não sendo futurologista, é este o cenário que se depara aos Libertadores, caso os órgãos do Partido não ponham os pontos nos is e chamem DSP à ordem.

Pela memoria daqueles que se sacrificaram pelo Partido sem dele nada terem recebido.

De um militante atento,

HJL
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