domingo, 13 de abril de 2014

ELEIÇÕES(?)2014/Dia-D: António Aly Silva vai revelar em quem votou nas eleições gerais



Kim ki bim dê, pa i ba rebenta! AAS

ELEIÇÕES(?)2014: União Europeia disponibiliza dados em tempo real


Clique AQUI, e que o seu deus o ajude. AAS

ELEIÇÕES(?)2014/Dia-D: Problemassinho ta bin bida n'burtadel...


- Na cidade da Praia, Cabo Verde, alguns cidadãos estavam bastante descontentes, como confirmou o DC no terreno. Um deles chegou à escola da Achadinha a suar em bica. Bastante insatisfeito, reclamou e barafustou: "isto é uma falta de respeito! Ninguém nas mesas sabia onde é que eu devo votar! Fui ao Palmarejo (consulado geral) e mandaram-me à Várzea; dali, despacharam-me para a Achadinha". Deixei-o lá, com o orgulho bastante ferido, e com bastante sorte por não o terem mandado àquele sítio...

- Outra senhora queixou-se porque se recenseou na ilha do Sal, mas que não a deixam votar na ilha de Santiago. Mas, pelo que ouvi das duas partes, parece que foi a senhora que falhou. Não avisou a tempo...

- Não apareceu, ainda!, nenhum militar fardado para votar em qualquer uma das mesas na ilha de Santiago...Ah,ah! AAS

ELEIÇÕES(?)2014/Dia-D: Vícios nossos...


Caro Aly,

Gostaria de chamar a atenção sobre os vícios flagrantes constatados no processo de votação na embaixada em Dakar. Em primeiro lugar, não é exigido o bilhete de identidade ou qualquer outro documento para verificar os dados contidos na carta de eleitor, uma falha grave capaz de facilitar falsas identidades.

Em segundo lugar, não há "isoloir". O eleitor é obrigado à votar fora, no balcão do prédio, com as pessoas que estão na bicha no quintal à verem o acto.

Em terceiro lugar, facto gravíssimo, depois de ter votado, não há um registo onde o eleitor assina para confirmar que votou. Todo o processo esta viciado de A-Z e pode dar lugar a fraudes.

Uma vergonha.  
Um eleitor muito decepcionando.

ELEIÇÕES(?)2014/DIA-D: Para já, um pitoresco incidente numa assembleia de voto de Bissau: alguns militares apareceram fardados(?!) para votar, e até fizeram formatura. Não votaram. Em Lisboa, na Universidade Lusófona, é a trapalhada total! É a Guiné-Bissau no seu melhor... AAS


sábado, 12 de abril de 2014

OPINIÃO: Eleições sem o cadáver do Grande Morto à vista


Por: Eduardo Costa Dias



«Os guineenses votam amanhã, 13 Abril 2014, nas presidenciais e nas legislativas. Independentemente do resultado – sem grande margem de dúvida o PAIGC será o partido mais votado e, nas presidenciais, haverá uma 2ª volta a ser disputada provavelmente entre o candidato oficial do PAIGC e o candidato independente apoiado, diz-se, pelo secretário geral do PAIGC, – nada de diferente ou, dizendo de outra forma, nada de radicalmente novo ocorrerá depois de fechado este ciclo eleitoral.

Os chefes militares mesmo apavorados com o que lhes poderá suceder por imposição externa/acção externa, lá continuarão, rasteirando-se uns aos outros, fazendo os seus negócios e intimidando todos e mais alguns, os porta-vozes credenciados por ninguém continuarão debitando alarvidades do alto da sua ignorância, dores de corno sem conta surgirão em muitos por não terem sido escolhidos para uma qualquer sinecura idealmente que dê uns dinheiros por fora, alguns candidatos dedicar-se-ão durante semanas ao difícil exercício de tornar a derrota indefensável... numa vitória defensável!

E, claro, muitos borrões de constituição de governo feitos nestas últimas semanas por dirigentes de partidos que nunca terão votos sequer para eleger um deputado serão rasgados em mil pedaços para que ninguém se continue a rir na caras dos autores– chatice é que muitos foram enviados pelos próprios para jornais, blogs e redes sociais!

E, sem espinhas, a boataria continuará como sempre em registo alto!

Novo, mesmo novo, nestas duas últimas semanas de campanha eleitoral para as presidenciais e as legislativas na Guiné-Bissau só mesmo, tanto para a petite como para grande, a história do cadáver; do cadáver do Grande Morto que ainda ninguém viu, mesmo, ao que se presume, o sobrinho médico que o assistiu nas últimas hora de vida.

Dando que parece não haver de momento cadáver do Grande Morto à vista deixo-vos entretidos com três reflexões filosófico -politicas do dito cujo Grande Morto passadas para papel no tempo em que “serviu” como Presidente da República da Guiné Bissau.

- “A liberdade de pensamento é um exercício livre fisiológico do ser humano” in Yala, Koumba, 2013, "Os Pensamentos e Filosóficos", Bissau, Editora Escolar vol I, p. 16

- “O comprido é a negação do curto, bem como o alto o é em relação ao baixo, que assim se apresentam com a igualdade de posição de relatividade”, idem p. 24

- “A beleza de uma mulher elegante , é a atrapalhação do cabrão do macaco da Indochina”, idem p. 51.

Muita gente, como eu, tem-se perguntado estes dias: há mesmo cadáver ou trata-se de mais um magia do falecido-que-não-se-sabe-ao-certo-se-faleceu-mesmo! Eu acho , embora não saiba em que estado, que há cadáver; o cadáver do Grande Morto está esperando por Segunda-feira, 15 de Abril, para aparecer e declarar, com voz e a caneta emprestadas, a causa da sua morte, conforme as conveniências, morte natural ou morte macaca.

Ao escrever este ultimo parágrafo senti uma grande inveja do meu amigo Harry West. No seu “Kupilikula – O Poder e o Invisível em Mueda, Moçambique”, descreve com grande eficiência e elegância casos destes, casos em que a distância entre a realidade e ficção se misturam uma na outra para criar ainda mais confusão na cabeça do comum dos mortais .

Sem ou com cadáver à vista, o Grande Morto continua por aí... a fazer das suas! Segunda-feira, o mais tardar terça-feira, já se sabe o que hoje, por não dar jeito, mesmo jeito nenhum, ainda não se sabe!
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OPINIÃO: Eleições "Gucci"


Por: Bernardo Pires de Lima
Fonte: DN

"Eleições não fazem uma democracia plena e na Guiné-Bissau não têm sequer pautado um caminho de estabilidade e segurança. Desde as primeiras eleições multipartidárias (1994) nenhum presidente acabou o mandato e entre 1998 e 2010, o país teve quatro chefes de Estado e onze primeiros-ministros. Reformar os sectores da justiça e da segurança é como mexer num cinto de explosivos, tamanhas são os circuitos de corrupção que destapam.

Não é por acaso que o último golpe (abril 2012) teve precisamente origem na reforma das Forças Armadas e na de perda de poder que alguns sectores sentiram, retirando-os dos fluxos financeiros do narcotráfico e do controlo do aparelho político.A grande questão para o dia seguinte às presidenciais e legislativas de amanhã é esta: como vão reagir os militares às reformas que os novos líderes políticos terão inevitavelmente de fazer? Submeter-se-ão ao primado democrático do poder político ou vão mais uma vez minar o processo?

A verdade é que não existem razões para estar otimista. A entrada em cena dos EUA na captura e monitorização dos líderes militares envolvidos no narcotráfico do Atlântico Sul fez soar as campainhas, transmitindo um sinal de fim de festa. Além disso, a CEDEAO, que tomou conta do processo do exterior, ultrapassando a CPLP sem grande dificuldade, juntou 14 milhões de euros para erguer a logística e o recenseamento de 750 mil almas.

Ramos-Horta já lhes chamou "eleições Gucci", observação que tanto ilustra o cunho luxuoso num país em miséria e privação aceleradas, como parece antecipar uma voragem de algumas elites pelo financiamento em questão.Há, no entanto duas boas notícias, no meio desta tragédia lusófona e que merecia outra prioridade na política externa portuguesa: a hipótese de Domingos Simões Pereira vir a liderar o Governo e nenhum favorito a presidente ser um perturbador recauchutado. A dúvida é se algum deles porá os militares na ordem.
"

PROGRAMA MÍNIMO: Julgar (todos) os golpistas


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA da GUINÉ-BISSAU

ARTIGO 2°

1 - A soberania nacional da República da Guiné-Bissau reside no povo.

2 - O povo exerce o poder político directamente ou através dos órgãos de poder eleitos democraticamente.


Há precisamente dois anos, 12 de abril de 2012, mandando a nossa carta magna às urtigas, um grupo de civis instigados por políticos e armados pelo actual CEMGFA AntónioI Indjai, tomaram de assalto a residência do candidato presidencial Carlos Gomes Jr., e abortaram a campanha para segunda volta das eleições presidenciais que ia começar precisamente no dia seguinte. Prenderam Carlos Gomes Jr., e também o presidente da República interino, Raimundo Pereira.

Depois, esses civis foram calmamente enfiados à pressa em Cumeré, onde prestaram 'juraramento à bandeira' - e mataram mais três elementos das forças de segurança!? - e foram assim incorporados nas forças armadas da Guiné-Bissau!!! Um esquadrão da morte composto por analfabetos e semi-analfabetos, que segue as mais terríveis ordens na mais completa cegueira. Alguém do 'governo de transição' de bandidos ousou questionar, dizer não?

Perante tamanha pressão internacional (que viria a desfalecer...) foram libertados. Durante estes 2 anos, o que assistimos na Guiné-Bissau? Assistimos a raptos, espancamentos, prisões arbitrárias; dezenas de inocentes foram cruel e friamente assassinados. Centenas de guineenses em fuga de Bissau e do País. Enfim, famílias detroçadas. Enganada (novamente!?) a permeável comunidade internacional, o Povo bissau-guineense é uma vez mais chamado para votar.

Essa estirpe perniciosa que responde pelo nome de CEDEAO, aquela escumalha de países - o Senegal, a Nigéria, a Costa do Marfim e o Burkina Faso - o seu povo - vão um dia pagar por tudo isto que fizeram ao Povo da Guiné-Bissau. Alguns europeus, também... Temos, como Povo, de passar à acção directa contra:

esses autênticos filhos da puta, esses quatro governos da CEDEAO e seus comparsas por esse mundo fora!!! Sem esquecer os nossos filhos da puta - claro!: Serifos, Antónios e outros iguais a eles

Depois das eleições, há que afrontar esses golpistas: apupá-los nas ruas, insultá-los em cada esquina, ridicularizá-los até não poderem mais. E as novas autoridades devem fazer de tudo para os levar à barra da justiça, para que provem do seu próprio veneno. Eles não são dignos - são filhos da puta, ainda que nossos filhos da puta - não devem andar livremente ao lado das pessoas que fizeram sofrer durante dois penosos anos. Roubaram o País durante dois anos, encheram aquelas barrigas cheias de ar...

Deviam ser encostados à parede, e que cada um leve o tiro de misericórdia correspondente!!! É o que merecem! AAS

sexta-feira, 11 de abril de 2014

ELEIÇÕES(?)2014: Guiné-Bissau prepara eleições dois anos após acção militar


Em 2012, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental advertiam para que a junta militar que tomou o poder em Guiné-Bissau recompusesse a ordem institucional.

No início do mês, o Conselho de Segurança das Nações Unidas emitiu uma declaração sobre a atual situação da Guiné-Bissau, que se prepara para a realização de eleições presidenciais e legislativas, previstas para o domingo (13). Dois anos após um golpe que impediu a tomada de posse pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e de uma série de adiamentos e crises, o país caminha para uma nova votação, com a participação de organizações regionais e internacionais.

De acordo com críticos do processo, as eleições presidenciais e legislativas não ocorrerão devido a um firme consenso nacional, "mas porque o país está à beira da falência, e a comunidade internacional, menos dividida do que estava à época do golpe, aplicou uma forte pressão," diz um relatório da organização International Crisis Group (que analisa crises internacionais), divulgado pelo portal All Africa, nesta terça-feira (8).

"O voto é apenas o primeiro estágio em uma transição e os problemas básicos que prejudicam o progresso neste pequeno país do ocidente africano persistem. As eleições, sem dúvida, apresentam uma ameaça a interesses importantes e à estabilidade," continua o documento.

Na passada quinta-feira (3), o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos informou ao Conselho de Segurança que a Guiné-Bissau terminava o processo de registro eleitoral e reconhecia o caminho trilhado pelo país para a organização das eleições, com a contribuição da Comunidade Econômica dos Estados do Oeste Africano (Ecowas, na sigla em inglês), da Nigéria, Timor-Leste e de doadores do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), principalmente da União Europeia (UE).

As atividades do Escritório Integrado das Nações Unidas para a Construção da Paz em Guiné-Bissau também foram ressaltadas durante a reunião do Conselho de Segurança devido aos episódios de violência política e de intimidação.

Uma ação militar foi conduzida em 2012, às vésperas das eleições presidenciais, cujos candidatos principais eram Carlos Gomes Júnior, então primeiro-ministro pelo PAIGC, da esquerda marxista, e Kumba Ialá, do Partido pela Renovação Social (PRS), de centro-esquerda. Os candidatos e o presidente incumbente - que ficou no cargo após a morte do presidente oficial, pouco antes - foram detidos pelo Conselho Militar, que passou a governar o país.

Logo depois, um Conselho Nacional de Transição foi estabelecido, após os envolvidos na ação terem afirmado como motivação o pedido da administração civil à vizinha Angola para a reforma do setor militar.

Após a aplicação de sanções internacionais, um acordo foi assinado para que o candidato que estava em terceiro lugar nas intenções de votos, Manuel Serifo Nhamadjo, presidente da Assembleia Nacional, assumisse o cargo de presidente interinamente. As eleições foram adiadas e abortadas sucessivamente por dois anos.

Da Redação do Vermelho,

Com informações do portal All Africa

ELEIÇÕES(?)2014: Locais de votação na Europa


ELEIÇÕES(?)2014: Mesas de assembleias de voto, em Portugal


ELEIÇÕES(?)2014: Elevação de Tcherno Djaló


COMUNICADO DE IMPRENSA

O candidato independente à eleição presidencial, Doutor Tcherno Djalo, excluído do processo eleitoral pelo Supremo Tribunal de Justiça, serve-se da presente para endereçar aos seus apoiantes e a todos os guineenses a seguinte mensagem:

1/ A minha candidatura foi injustamente excluída da competição eleitoral, como é do conhecimento de todos, por razões meramente políticas e não jurídicas;

2/ Apesar do Supremo Tribunal de Justiça ter admitido publicamente o erro na sua fundamentação “ a não realização do congresso de partido” para um candidato independente, decidiu manter a decisão da exclusão da minha candidatura;

3/ Esta decisão arbitrária, para além de causar grandes prejuízos financeiros, morais e psicológicos, sem que nos sejam abertas possibilidades de reparos, privou uma parte significativa dos cidadãos guineenses de escolherem o único projeto político inovador e portador de profundas mudanças económicas, sociais e políticas, conforme consta no nosso Manifesto apresentado no dia 30 de Julho de 2013.

4/ Apesar da grande injustiça de que fui vítima, reafirmo a todos os meus apoiantes, amigos e simpatizantes de que se mantêm inalterados os objetivos que nortearam a minha candidatura nomeadamente:

-a luta sem tréguas por uma maior justiça social e repartição equitativa das riquezas do país;

- a prioridade aos sectores sociais de educação, saúde e saneamento básico;

-a resolução definitiva da questão energética e da agricultura;

- a refundação do Estado, luta contra todas as forças negativas e de crime organizado.

Estes desafios mantêm-se vivos servindo de alicerce ao novo movimento político de que serão todos convidados a tomarem parte muito ativa para bem do nosso país.

5/ A todos os apoiantes, amigos e simpatizantes agradeço pelas mensagens de encorajamento e do apoio moral manifestado ao longo deste difícil período que estou a travessar.

6/ Recomendo a todos os apoiantes de exercerem com entusiasmo o vosso dever cívico que é o de votar.

7/ Em nome dos superiores interesses do País vou aceitar os resultados saídos das urnas, mantendo-me disponível para servir e dar o meu apoio ao candidato e programas partidários que venham encarnar a paz e a estabilidade nacional.

Bissau, aos 11 dias do mês de Abril de 2014.
Tcherno Djalo

ELEIÇÕES(?)2014: O vídeo da entrevista do jornalista António Aly Silva, à agência de notícias portuguesa, LUSA


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ELEIÇÕES(?)2014: CPLP espera que o país saia da "agenda dos problemas"


O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, disse hoje esperar que a Guiné-Bissau saia da "agenda dos problemas" após as eleições, criando um cenário propício ao desenvolvimento económico e social. "A minha vontade e determinação é que a Guiné-Bissau saia da agenda dos problemas em que tem estado sempre presente na agenda das nossas reuniões e passe a figurar como caso de sucesso."

"Estaremos a participar no restabelecimento da sua democracia, da sua paz, esperando que a paz e estabilidade deixe de ser preocupação para os nossos oito países, que se devem ocupar de questões de desenvolvimento económico e social", disse à Lusa. Murade Murargy falava à margem da conferência "Promoção e Difusão da Língua Portuguesa", organizada pela comissão temática desta área dos observadores consultivos da CPLP, que decorre hoje na Universidade de Aveiro. Lusa

ESPIONAGEM?: França suspeita de espiar em África através da operadora de comunicações Orange


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quinta-feira, 10 de abril de 2014

ELEIÇÕES(?)2014: EUA pretendem ambiente pacífico na votação de domingo


O Departamento de Estado norte-americano apelou às autoridades da Guiné-Bissau para criarem «um ambiente pacífico durante as eleições de domingo». «A população da Guiné-Bissau vai às urnas dia 13 e pedimos às autoridades da Guiné-Bissau que criem um ambiente propício para que os cidadãos possam expressar a sua vontade em eleições pacíficas e credíveis», pode ainda ler-se no comunicado. Ao mesmo tempo, os eleitores são encorajados «a fazer com que as suas vozes sejam ouvidas através do processo democrático».

A posição do Departamento de Estado norte-americano junta-se a outras de diversos representantes da comunidade internacional, que ao longo das últimas semanas, têm feito sucessivos apelos às autoridades de Bissau para que a votação e o período pós-eleitoral decorram de forma pacífica. Para as eleições gerais, presidenciais e legislativas, há 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrerem à Assembleia Nacional Popular. Este será o primeiro escrutínio depois do golpe de estado de 12 de Abril de 2012.

ELEIÇÕES(?)2014: Esperança ainda move (alguns) guineenses em Cabo Verde


A esperança numa Guiné-Bissau normalizada, em paz e com desenvolvimento ainda move alguns guineenses em Cabo Verde, que defendem o fim da relação entre políticos e militares para que todos os que estão fora possam regressar ao país. Em declarações à agência Lusa, três guineenses residentes na Cidade da Praia afirmaram ainda acreditar nesse “sonho”, embora o condicionem, sempre, a uma mudança de políticos e, sobretudo, das chefias militares que, consideram, tem levado a Guiné-Bissau para o abismo.

Essas são as expectativas de Silvino Nanque, 35 anos, há quatro na capital cabo-verdiana, operário da construção civil, natural de Quinhamel (região de Oio), e de Daniel Albano Lopes, 32 anos, na Cidade da Praia há seis, nascido em Safim (10 quilómetros a norte de Bissau e canalizador de profissão, para as eleições gerais de domingo na Guiné-Bissau. “Se a Comunidade Internacional estiver na Guiné-Bissau, as eleições vão decorrer bem e não haverá complicações, como no passado. (A situação de crise político-militar) vai ter de normalizar”, disse Silvino Nanque à Lusa, indicando que tenciona regressar ao país logo que tudo estabilize, tal como é vontade de “todos os filhos” da Guiné-Bissau que estão fora.

Daniel Lopes, por seu lado, só espera que todos os eleitores guineenses votem com a “consciência limpa” e que vencedores e vencidos se juntem para desenvolver o país e que se convençam que nenhum tem mais direito que outros. “Espero que todos os guineenses votem com a consciência limpa. A nossa esperança é que as eleições decorram na normalidade e que não aconteça nada de errado. Que todos votem com a esperança de que quem vença a eleição que seja para o bem de todos os guineenses. A Guiné-Bissau é de todos nós e ninguém tem mais direitos do que o outro. Todos somos guineenses”, frisou.

Daniel Lopes realçou ter também “esperança” de que os militares, responsáveis pelo golpe de Estado de 12 de abril de 2012, não interfiram, e que os políticos se dediquem exclusivamente à política e não colaborem com os militares. “Tenho esperança de que não haja intervenção dos militares na política. Ou que os políticos mostrem os seus argumentos sem colaborar com militares, porque há muitos que não acreditam nos seus próprios argumentos políticos. Se você acha que é político e que tem argumentos suficientes para convencer a população, então que use os seus argumentos políticos, mas não colabore com os militares.

“Peço aos militares que saibam que, quando provocam alguma coisa de errado, um levantamento ou um golpe, alcançam uma coisa boa só para eles e para as suas famílias, mas nem todas as famílias beneficiam disso. É prejudicial. Estamos a pagar pelos erros dos militares e dos políticos que não têm argumentos suficientes para convencer os eleitores”, acrescentou.

António Aly Silva destoa

Destoando da esperança, António Aly Silva, 48 anos, jornalista guineense autor do conhecido blogue “Ditadura do Consenso”, natural do Quebo (sul), afirmou que as eleições de domingo em nada vão mudar o futuro do país, tendo em conta as “tantas votações“ já realizadas e que nunca permitiram a conclusão de uma única legislatura.

O problema são os homens. Isso é o que falta ao país, que nunca teve gente certa para o liderar e vimos, durante estes dois últimos anos, um governo de transição cuja função era organizar eleições e não conseguiu fazê-lo (no prazo inicialmente previsto). As eleições não mudam nada. Não podemos estar a fazer eleições que são pagas por terceiros e, depois, abortá-las com golpes de Estado”, referiu.

(As legislaturas) nunca chegaram ao fim por causa daquela estirpe militar que temos no país e é esse o problema da Guiné-Bissau. O problema mais óbvio depois das eleições é lidar com o exército: entregar o (CEMGFA) António Indjai à Justiça norte-americana e mudar todas as chefias militares no país, bem como reformar as Forças Armadas com gente que saiba ler e escrever”, acrescentou.

António Aly Silva, crítico dos sucessivos regimes guineenses e na Cidade da Praia há cerca de um ano, considerou que a Guiné-Bissau é uma “ilusão”, argumentando sobretudo com os dois últimos anos de transição pós-golpe de Estado. “Tenho 48 anos e nunca vi o meu país tão pobre, nem tão corrupto, nem tão mais sem vergonha como nestes dois últimos anos. Quanto à esperança, há um ditado que diz: «a esperança e a sogra são as últimas a morrer. Tenho ainda as minhas sogras de vida e espero que a esperança ainda esteja com vida”, concluiu. JSD/Lusa

AME 2014: Manecas Costa levou assistência ao rubro



Ontem, o músico guineense Manecas Costa deu um brilharete no festival AME, na cidade da Praia. Manecas Costa, que lança dentro de um mê o seu 5º disco, cantou seis músicas e levou o público ao rubro. É a primeira vez que o artista toca no AME. "Foi super interessante, fui muito bem tratado. Senti-me em casa, e contente por as pessoas cantarem comigo", disse ao DC.

O baixista guineense, Sanhá, foi o único acompanhante de Manecas Costa. E um caboverdiano, Mirocas Paris, tocou tina. Manecas Costa fez questão de mostrar ao público a água no alguidar, onde assenta a cabaça. "Espero voltar. Tenho a certeza, até pelo que disse o presidente da Câmara: 'Você mexeu com a minha cidade'". AAS

ELEIÇÕES(?)2014: CEDEAO teme problemas com a aceitação dos resultados (A MESMA CEDEAO QUE NOS METEU NESTA ENCRENCA...)


A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) teme problemas com a aceitação dos resultados das eleições gerais na Guiné-Bissau, referiu hoje Kabiné Komara, dirigente da missão de observação eleitoral. A CEDEAO NÃO TEM VERGONHA NA CARA! AAS

ELEIÇÕES(?)2014: Militares e membros de forças de segurança já começaram a votar


Militares e membros das forças de segurança que vão estar mobilizados no domingo são os primeiros a votar nas eleições gerais na Guiné-Bissau, com o voto antecipado marcado para hoje. Cerca de 2.000 elementos das forças armadas, polícias, Guarda Nacional e outras autoridades estão recenseados e podem hoje votar mais cedo, hoje em vez de domingo, nas instalações de cada uma das nove comissões regionais de eleições (CRE) do país. "É uma medida prevista na lei e está tudo a decorrer com normalidade", referiu à agência Lusa o vice-presidente da CRE de Bissau, Malam Manafá, à porta das instalações em Bissau Velho. LUSA

Cruz Vermelha da Guiné-Bissau prepara plano de contingência para as eleições gerais


Comunicado à imprensa

A Cruz Vermelha da Guiné-Bissau é uma instituição de carácter humanitária, que inspira na realização das suas actividades nos princípios do Direito Internacional Humanitário e age no respeito dos princípios fundamentais do movimento Internacional da cruz vermelha que são:

Humanidade, Imparcialidade, Neutralidade, Independência, Voluntariado, Unidade, Universalidade.

A Cruz Vermelha da Guiné-Bissau tem como Missão principal, prevenir e aliviar, com Imparcialidade absoluta, o sofrimento das comunidades mais vulneráveis, sem discriminação por motivos de nacionalidade, de raça, sexo, classe, religião ou opinião política.
A sua visão, é tornar-se uma Sociedade Nacional credível, capaz de organizar serviços de socorros de urgência. Contribuir para melhorar a saúde, criar serviços de apoio às comunidades vulneráveis, adaptados às condições nacionais e regionais, e aliviar o sofrimento de vítimas das calamidades.

No quadro de cumprimento da sua missão para que foi incumbida, a CVGB elaborou um plano de contingência para implementar durante todo o período das eleições gerais, este plano visa proteger e assistir as vítimas de diferentes casos que são verificados ao longo dos dias dos comícios, momento de votação, situações como por exemplo: acidentes, perda da coincidência, dor da cabeça, ferimento, agressão física e muitos outros casos que devem merecer uma assistência humanitária.

O risco de derrapagem relacionada com eleições gerais (presidenciais e legislativas) na Guiné-Bissau também pode sem dúvida ter consequências humanitárias para a população, incluindo aqueles que já sofrem de pobreza crónica e sem acesso aos serviços de base, onde o desenvolvimento de um plano de preparação e resposta a um evento de uma grande crise é muitíssimo importante para todos sem discriminação.

Este plano de contingência é uma acção conjunta de preparação da Cruz Vermelha da Guiné-Bissau e seus parceiros locais, incluindo aqueles em risco de situações de violência. Este plano descreve um conjunto de estratégias, medidas e acções necessárias para uma melhor preparação e implementação de uma resposta humanitária eficaz para as populações que poderão vir a sofrer.

Antes de elaborara este plano, fez-se um estudo sobre a situação sócio político em geral no país, e depois o plano foi orientado no pior cenário com os riscos da violência eleitoral, avaliamos as necessidades humanitárias e determinamos que tipo de assistência será necessário para minimizar as dificuldades das populações afectadas.

Para a implementação deste plano de contingência, foram mobilizados e reciclados 300 voluntários a nível nacional através das nossas estaturas dos comités regionais e locais, com equipas bem preparadas e capacitadas em matéria de assistência em primeiros socorros, serviços sócias, abastecimento de água, abrigo, restabelecimento de laços familiares e outros serviços de carácter humanitária.

Serão montadas aqui em Bissau 15 brigadas com 06 voluntários cada nos pontos e locais mais críticos, próximo das mesas das assembleias de voto, assim como nos comités regionais e locais as brigadas de primeiros socorros serão igualmente montadas.
A cruz vermelha da Guiné-Bissau, aproveita esta oportunidade para desejar a toda a população da Guiné-Bissau que votem na paz, tranquilidade, irmandade e sobre tudo para bem-estar do povo guineense.

Para mais informações contacte:
Daniel Sanha – 00 245 584 55 95, Av. Unidade Africana ½ C.P. 14-1036

ELEIÇÕES(?)2014:/FRANÇA: Onde votar


ELEIÇÕES(?)2014: Falta de meios financeiros pode dificultar votação no arquipélago de Cabo Verde. Bissau NÃO enviou dinheiro, e estamos na véspera do fim da campanha eleitoral... AAS

Greve geral em véspera de eleições


A faltarem quatro dias para as eleições gerais a função pública inicia uma greve geral de três dias para exigir pagamentos de salários em atraso. As centrais sindicais da Guiné-Bissau enviaram, na semana passada, um pré-aviso ao governo de transição, sem obter resposta. A greve geral decretada pelas centrais sindicais guineenses teve hoje início e decorre até sexta-feira, dois dias antes das eleições gerais, agendadas para domingo.

Os sindicatos reivindicam três meses de salário em atraso exigindo que o Governo leve avante o acordo assinado no final do ano passado com vista ao cumprimento dos salários dos professores e profissionais de saúde. No primeiro dia de greve estima-se que a paralisação contou com uma participação com cerca de 90% dos funcionários públicos. Estes receando que o fim do mandato do governo de transição, uma vez que não sabem se poderão, no futuro, receber ordenados em atraso.

Quanto ao sector da educação e da saúde a tónica é a de reivindicação. Os professores das escolas públicas estão de greve até dia 7 de Maio. Estes acusam o Banco Mundial de não cumprir com um acordo assinado com o governo para efectuar os salários de Janeiro a Junho deste ano. O Banco Mundial defende que, através da coordenação das operações dos pagamentos, muitos dos professores e funcionários do sector da saúde não têm conta bancária. RFI

OPINIÃO: As eleições serão a solução para a Guiné-Bissau?

Fonte: Público
Por: Fernando Ka

"Os guineenses têm noção errada de soberania, confundindo-a com a independência. Se esta é uma condição necessária de soberania, não é suficiente para o seu pleno exercício. Um país não é de verdade soberano quando ainda não é capaz de ter o controlo absoluto sobre o seu território e os respectivos recursos naturais, os quais estão sujeitos a desenfreada e criminosa pilhagem pelos forasteiros, a pretexto de “contrato de exploração”. Por outro lado, um país que nem sequer é capaz de garantir o mínimo de auto-suficiência alimentar às suas populações altamente subnutridas, roçando a fome e os mínimos cuidados de saúde, não é digno desse nome.

A falência da Guiné-Bissau como Estado deve-se ao facto de nunca ter tido dirigentes à altura dos desafios que se impunham logo a seguir à independência até hoje. As gerações formadas no exterior para concretizarem o nobre ideal dos seus antepassados, que deram as suas vidas de forma a pôr fim ao colonialismo, não têm sabido desempenhar o seu papel na caminhada histórica para a construção do país. O sonho acalentado durante os dias intermináveis do sofrimento por uma justíssima causa foi ignorado pelo egoísmo atroz da gente de pós-independência que não olha os meios para atingir os fins. Podia estar a contribuir para fazer da Guiné um país de bem para todos, porque deve a sua formação ao país e não pode furtar-se à responsabilidade e, por conseguinte, ao sacrifício daí decorrente.

As próximas eleições podem proporcionar boas perspectivas à Guiné no sentido de encontrar o rumo certo para o seu desenvolvimento adiado sine die. Tudo isso irá depender do esforço comum entre o Governo e a comunidade internacional no trabalho de levar a cabo a organização do Estado guineense. A reestruturação das forças de defesa e segurança deve situar-se como uma prioridade ou um simultâneo com todos os sectores do Estado, nomeadamente a administração pública, que está sem “rei nem roque”, a justiça completamente submersa na corrupção, deixando de exercer o seu papel de equilíbrio na sociedade.

Ora, a actual composição das forças armadas predominantemente tribal, e ainda influenciada por um partido político de índole tribalista, não só cria instabilidade nos quartéis como também no país. É urgente e necessária uma nova família castrense em que não há a superioridade de um só grupo étnico em relação aos demais. A sua composição deve necessariamente reflectir o mosaico étnico do país, sob pena de um dia a Guiné vir a confrontar-se com sérios problemas de natureza tribal. “Mais vale prevenir do que remediar”, diz o ditado popular.

Já que a comunidade internacional parece agora ter mostrado o seu interesse em ajudar a Guiné a sair do buraco em que se meteu desde há muito, então que a acompanhe até ao fim da construção de um verdadeiro Estado de direito. Os guineenses, sozinhos, serão incapazes de levar esta tarefa a bom termo. Daí que a comunidade internacional deveria adoptar o mesmo sistema de organização do Estado de Timor-Leste na Guiné-Bissau.

Os sectores de alavancamento do Estado e da economia nacional precisam, nesta primeira fase crucial de construção do Estado e da economia nacional de uma forma sustentável, de gestores estrangeiros nas finanças, na pesca, na floresta, na área energética em geral e na futura exploração mineira/petróleo, pelo menos durante o período de cinco anos sob o controlo conjunto entre o Governo e as Nações Unidas.

Este apontar de caminho não põe em causa a independência nacional, como alguém poderá ver nisso um absurdo autêntico. Mas nem sempre o que parece é verdade. A concretização do que foi dito irá proporcionar capacitação aos nacionais na melhor gestão das coisas públicas que os guineenses precisam ainda de aprender muito. Desde a independência a esta parte não foram capazes de produzir provas que contrariassem a afirmação anterior.

A humildade não é a negação da qualidade individual de um povo, mas predispõe a abertura de espírito para a aprendizagem uns com os outros. Ninguém nasce ensinado e a aprendizagem é um processo contínuo e só termina com o fim da vida. Na Guiné, os gestores públicos carecem de conhecimentos necessários para o exercício das suas funções; quando têm oportunidade de aprender mais, devem aproveitá-la para o bem do país, mas também valorizando-se profissionalmente.

A falta de preparação adequada para os cargos políticos na governação tem estado na origem de conflitos de competências entre as diferentes áreas governativas. Senão vejamos. O Governo de transição, usurpando a competência exclusiva do futuro Governo a ser eleito, colocou-se em bicos de pés e, de uma forma atabalhoada, foi assinar “acordos” com os chineses e os russos para a dilapidação dos recursos naturais com enormes prejuízos para o país.

Não só não foi acautelado o impacto ambiental decorrente da desenfreada exploração da areia pesada como também o equilíbrio do ecossistema na devastação da floresta de valor incalculável em termos económicos, medicinais e ambientais. Como de costume, a Guiné sai sempre prejudicada, mas as empresas contratadas e os representantes do Governo é que ficam a ganhar neste tipo de negociatas.

Portanto, convenhamos que a melhor ajuda da comunidade internacional, pela qual anseia o povo da Guiné, é a paz e a estabilidade duradoira, permitindo a entrada de investidores estrangeiros e, por consequência, também a criação de empregos.

Dirigente da Associação Guineense de Solidariedade Social"

quarta-feira, 9 de abril de 2014

terça-feira, 8 de abril de 2014

MORTE de KUMBA YALA: Um testemunho do Embaixador Seixas da Costa


"Morreu Kumba Ialá, antigo presidente da Guiné-Bissau.

Um dia de 2001, na ONU, em Nova Iorque, estive presente, em representação de Portugal, numa reunião do grupo "amigos da Guiné-Bissau". O novo presidente guineense fora convidado a fazer uma apresentação sobre a situação no seu atribulado país, com vista a mobilizar a boa vontade e a ajuda da comunidade internacional. O tempo que lhe fora destinado para intervir foi largamente excedido, mas o seu discurso tinha coerência e demonstrava uma determinação no sentido da correção de algumas políticas, tudo envolvido num registo muito típico, desde logo marcado pelo barrete de lã vermelha que nunca o abandonava.

Com o meu colega brasileiro, Gelson Fonseca (atual cônsul-geral do seu país no Porto), e para potenciar o efeito positivo da reunião, combinei duas intervenções sucessivas de apoio à declaração do presidente, procurando dar ênfase à sua expressiva vontade de mudança. Outros embaixadores, em especial de países "do Sul", seguiram uma linha idêntica e, a meio da reunião, o ambiente podia considerar-se globalmente positivo, quiçá apenas com as reticências face à sustentabilidade das políticas que algumas lideranças africanas, em especial oriundas de países mais frágeis, nunca deixam de suscitar.

O delegado de um país do Norte da Europa abordou entretanto a sensível questão da corrupção. Notei que Kumba Ialá ficou muito atento à intervenção e, no imediato, pediu para responder. Com ênfase, marcou a sua firme determinação em pôr fim ao flagelo da corrupção no seu país. E, a certo passo, agarrando firmemente o ombro da ministra dos Negócios Estrangeiros, que estava a seu lado, disse, bem alto:

- Vou ser muito duro, podem acreditar. Por exemplo: aqui a senhora ministra. Se eu vier a descobrir que ela rouba, que é corrupta, podia mandar matá-la. Mas não, não a vou mandar matar! Mas vai levar tanta porrada, tanta pancada, que nunca mais vai querer roubar. Mas ela não rouba, não! - e dizia isto, contemporizador, abanando a constrangida ministra, que afivelava um sorriso que quero crer que seria amarelo...

Kumba Ialá falava em português e, na sala, para além do embaixador brasileiro e de mim próprio, que tínhamos olhado um para o outro algo preocupados com o facto do presidente poder ter "estragado tudo" com estas palavras, creio que só a intérprete que ia traduzindo as intervenções do presidente se inteirara do teor da comprometedora declaração. Contudo, a coreografia e o tom de Ialá tinham criado uma particular curiosidade nas restantes pessoas à roda da mesa, que aguardavam a tradução.

A intérprete, consciente da delicadeza do momento, olhou para mim, em busca de "ajuda" para superar o problema. Fiz-lhe um gesto discreto, a pretender significar a necessidade de "adocicar" fortemente as embaraçantes frases do presidente. E foi então que assisti a uma magnífica demonstração de profissionalismo, com a senhora a dizer algo como: "Mr. President wants to emphasize that corruption, in his country, is not punished with death penalty. Nevertheless, under his leadership strong mesures will be taken against those who may incur in such practices, even if they are members of his own government".

Olhei para o meu colega brasileiro e demos um suspiro de alívio. No final, dei uma palavra de parabéns (e gratidão) à intérprete. Tinha-nos ajudado a salvar a sessão. Uhf!


(Duas Ou Três Coisas, um blog da autoria do embaixador Francisco Seixas da Costa)

ELEIÇÕES(?)2014: Protestos de agentes eleitorais preocupam sociedade civil


Isabel Pinto Machado/RFI

Agentes das assembleias de voto, desfilaram esta terça-feira nas ruas de Bissau, exigindo cerca do triplo dos subsídios, que a Comissão Nacional de Eleições lhes atribui no quadro das eleições gerais de 13 de Abril.
Na sequência do impasse registado ontem (segunda-feira 7/04/2014) após o encontro entre o presidente da Camissão Nacional de Eleições, Augusto Mendes e representantes dos agentes das mesas de voto, quanto aos montantes dos subsídios atribuidos pela CNE, para o seu apoio às eleições gerais do próximo domingo, dezenas deles saíram hoje à rua em Bissau, para exigir cerca do triplo da soma atribuida pela CNE, que afirma não ter meios para atender às reivindicações dos agentes, que por sua vez ameaçam não participar nos trabalhos no dia das eleições.

A CNE propõe pagar 35 mil francos CFA a cada presidente e secretário de assembleia de voto, enquanto este pedem 100 mil, ou ainda 25 mil francos CFA por pessoa aos dois escrutinadores de cada mesa, quando estes exigem 80 mil, os agentes de protecção das assembleias de voto (elementos da polícia e Guarda Nacional), pretendem por sua vez receber 50 mil francos CFA, mas a CNE afirma que apenas pode pagar 15 mil por pessoa. Augusto Mendes, alega não poder alterar o respectivo orçamento, financiado pela Comunidade dos Estados da África Ocidental - CEDEAO.

As partes não se entendem, o que preocupa Mamadu Keita, dirigente do Movimento da Sociedade Civil, que apela a consensos, e alerta para que se evitem perturbações ao acto eleitoral de 13 de Abril. Noutro teor, chegaram hoje à Guiné-Bissau 23 elementos da missao de observadores de curto prazo da União Europeia, que se juntam aos  16 de longo prazo que estão no terreno desde o passado dia 26 de Março.

Ainda esta semana são aguardados no país 4 elementos da Parlamento Europeu, pelo que no total 49 elementos da União Europeia estarão no país a convite da CNE, para observar a imparcialidade e equilíbrio de todo o processo eleitoral. A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, apelou hoje em comunicado os guineenses a participarem pacificamente nas eleições.

SOLIDARIEDADE: Centro Hospitalar de Guimarães envia médicos e equipamentos


O Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA) anunciou hoje que vai enviar equipamento que já não usa e médicos para a Guiné-Bissau, contribuindo para a "melhoria da disponibilidade e qualidade" de cuidados de saúde naquele país. Em comunicado enviado à agência Lusa, o CHAA explica que as missões médicas, de curta duração e em regime de voluntariado, serão feitas ao abrigo de um protocolo entre o CHAA e o Instituto Marquês de Valle Flôr.

Com o objetivo de "apoiar a população da República da Guiné-Bissau a atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, da Organização das Nações Unidas, na área da Saúde", nomeadamente no que concerne à área maternoinfantil, o CHAA vai enviar para a Guiné-Bissau profissionais de especializados de cirurgia geral, obstetrícia-ginecologia, anestesiologia e de enfermagem do bloco operatório, entre outros profissionais.

Ambas as entidades, lê-se no protocolo, "pretendem melhorar as condições de prestação de cuidados médicos especializados na Guiné-Bissau e a formação de médicos e técnicos guineenses" pelo que "a colaboração entre as duas entidades prevê, também, a realização de sessões de formação de recursos humanos guineenses e de campanhas de informação e educação para a saúde". Além disso, o acordo assinado contempla ainda a "doação de equipamentos fora de uso no Centro Hospitalar e de consumíveis médico-cirúrgicos, sempre que possível e de acordo com as necessidades do projeto". Lusa

ELEIÇÕES(?)2014: Golpista CEDEAO pede "sacrifícios em prol do País"


O chefe da missão de observadores eleitorais da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Amos Sawyer, pediu hoje aos líderes partidários da Guiné-Bissau que estejam prontos para fazer sacrifícios em prol do país.

"Peço a todos os líderes partidários que estejam prontos para fazer sacrifícios pelo interesse superior do país, quer ganhem ou percam as eleições", referiu numa declaração aos jornalistas no aeroporto de Bissau ao chegar ao país. O pedido tem por objetivo permitir que "o novo governo consiga impulsionar a integração nacional e o desenvolvimento socioeconómico sustentado do país". Lusa